"Se tivesse que escolher entre o poder de escrever um poema e o êxtase de um poema não escrito, escolheria o êxtase. Pois este é uma forma superior de poesia." - Khalil Gibran

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Aquela pintura na parede do café by Outra Patanisca

Primeiro foi o azul do céu que roubou a minha atenção.
Depois, o branco das nuvens como que ali colocadas, propositadamente, por alguma razão especial.
Entretanto, o verde dos fetos adquiriu o protagonismo assumido pela inveja às restantes cores daquela pintura.
Eu não teria plantado a árvore naquele sítio.
Pensando bem, a árvore está bem onde está. Assim, tudo ganha mais profundidade.
Não se lembraram do sol... Terá sido intencional?
E o sol faz falta??
Desta perspectiva, se o candeeiro estivesse aceso ele poderia, perfeitamente, ser o sol.

Mas, para o candeeiro estar aceso teria que ser noite...
E, se fosse noite, o céu já não seria azul, as nuvens já não seriam brancas e, o verde dos fetos deixaria de ser tão intenso mas... o candeeiro seria uma uma lua cheia perfeita!

Um sorriso
Outra Patanisca

sábado, 8 de janeiro de 2011

Oh jarra de flores desmaiadas by Uma Patanisca



Oh jarra de flores desmaiadas
Quanto de ti já foi vida...
Quantas almas tu confortaste
Antes de ficares aí esquecida.

Foste símbolo de homenagem,
Da alegria encarnação.
Foste a imagem da saudade,
Foste o enlevo do perdão.

Alguém te deixou aí desleixada
E, as tuas flores foram pintadas pela tristeza...
Desvaneceu o odor que emanavas,
Mas brotou de ti uma outra beleza.

Oh jarra de flores desmaiadas
Quanto de ti já foi vida...
Hoje és o escopo do meu pensamento,
Consolo do meu coração em ferida.

Um sorriso
Uma Patanisca






quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um breve momento by A Patanisca

Acordei de um jeito manso. Nem sempre é manso o meu acordar. Os meus olhos encontraram-te, por instinto, e foi tão doce esse encontrar.
Fiquei a olhar-te serenamente e, foi assim também, serenamente, que ficaste por breves instantes.
Fixaste então aquele ponto, lá em baixo e, naturalmente, deixaste-te guiar pelo desejo de o alcançares.
E tu começaste a descer devagarinho, devagarinho e eu fui-te seguindo com o olhar quieto, quietinho.
Moveste-te de forma tão suave e firme própria de quem sabe o quer. E o teu tacto, o teu serpentear despertaram todos os meus sentidos. E como foi bom esse despertar!!!!
Namoraste cada pedacinho do caminho percorrido... E eu completamente absorvida pelo teu querer decidido.
Por fim, chegaste ao teu destino e deliciaste-te com a tua conquista. E foi então que te deitaste aguardando a tua sina.


Qual é o fado de uma gota de água? Vieste não sabes de onde e vais não sabes para onde. A chuva que caía lá fora trouxe-te até à minha janela e, a partir desse momento, nenhuma de nós foi a mesma...

Um Sorriso

A Patanisca



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Palavras by Patanisquinha

Disseste: - Faço minhas as tuas palavras.

Mas foi só isso que fizeste...

Dizer que fazias tuas as minhas palavras...



Um sorriso
Patanisquinha

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Perdi o meu medo da tua ausência by Outra Patanisca

Perdi o meu medo da tua ausência!
- Onde o deixaste? - perguntaste-me com desespero.
- Se eu soubesse onde o deixei, o meu medo não estaria perdido!

Perdi o meu medo da tua ausência. Quero mesmo que ele tenha sumido. Por isso, já fiz o exercício de recordar todos os meus passos, já vasculhei tudo e não o encontro... Fora de casa, eu sei que não está porque eu nunca o deixei sair com medo que ele se perdesse...

Parei e pensei: - Talvez tenha ficado no meu cérebro. Será que ficou lá?
Alarmada com esta possibilidade, decidi ir lá procurá-lo e pus-me a caminho. Ai que caminho difícil!!! A superfície do cérebro é irregular, com saliências e depressões. Chegada ao Hemisfério Direito, procurei, procurei e... nada. - Se não está aqui deve estar no Hemisfério Esquerdo - e assim, atravessei a Ponte Corpo Caloso. Esquadrinhei essa metade do cérebro e, mais uma vez, nada.

- Onde estás meu medo? Estás efectivamente perdido ou estás apenas escondido? Será que estás no meu coração?

Desci ao coração com algum receio. Entrei pela Veia Cava Superior. Estava tudo tão escuro, mal conseguia respirar e, de repente, dei por mim na Aurícula Direita. - Nada! Espreitei para o Ventrículo Direito e gritei: - Medo! Medo! Estás aí? - Não, não estava. Só apenas o Eco que me respondeu: - Medo! Medo! Estás aí?
Também não o achei nem na Aurícula nem no Ventrículo Direito e, dirigi-me à Artéria Aorta que me bombeou juntamente com o sangue. Assim, viajei por todo o meu corpo e não encontrei o meu medo da tua ausência.

- O meu medo também não está em mim - disse. - Será que está na minha alma? - questionei. -Mas eu não sei como chegar à minha alma.- constatei.
E, reconfortei-me no pensamento que se eu não sei chegar à minha alma, ele também não sabe.

O meu medo está mesmo perdido! Perdi o meu medo da tua ausência! Perdi o meu medo da tua ausência!

Agora sei que o perdi!

(tenho pena de não saber como... gostava de perder o meu medo das aranhas e da trovoada)

Um sorriso
Outra Patanisca

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

(In)decisões by Uma Patanisca

Sempre me impressionou a tua constante vontade de brincar, principalmente, comigo... "Gosto quando sorris e adoro quando ficas furiosa. Tu devias poder conseguir ver-te furiosa. Tu ias gostar TAN-TO de te ver furiosa!!!" - dizes tu, sempre que me pedes para brincar.

E, normalmente, é assim... tu pedes.

Hoje vou surpreender-te! Eu sei que vou. Hoje, sou eu que quero brincar contigo. AGORA! Quero brincar contigo A-GO-RAAAAAA (digo enquanto rodopio sobre mim mesma de braços abertos).

- Senhora Dona Mente, dá licença? Quantos passos?
- Um passo de tesoura - respondes.
(Dou um passo de tesoura)
- Senhora Dona Mente, dá licença? Quantos passos?
- Cinco passos de caranguejo.
(Dou cinco passos de caranguejo)

... Pausa ...

Estou sentada no chão em frente ao espelho. O meu reflexo pergunta-me: - Estás maluca??? - e continua: estás a dez metros do abismo e decides decidir (foi de propósito) numa brincadeira? Entregas-te assim à tua Mente? E, logo a ela que gosta de brincar contigo e adora ver-te furiosa? (numa coisa ela tem razão: tu ias gostar TAN-TO de te ver furiosa).
- Não! - respondo e, levantando-me do chão, digo com firmeza: Não! Não! Não estou maluca! Eu estou perdida, sem rumo e... nunca me senti tão bem! E ela pode fazer-me recuar, fazer-me avançar, fazer-me até cair... Não importa. Nada importa. Estou bem!

... Pausa ...

- Senhora Dona Mente, dá licença? Quantos passos?
- Dois passos de bailarina...


Um sorriso
Uma Patanisca