"Se tivesse que escolher entre o poder de escrever um poema e o êxtase de um poema não escrito, escolheria o êxtase. Pois este é uma forma superior de poesia." - Khalil Gibran

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Rebeldia de estudante adolescente by Patanisca Rebelde Estudante

Não houve um único noticiário que não abrisse com: "DÁ-ME O TELEMÓVEL JÁ".
Não se falava de outra coisa... O meu colega perguntou-me:
- Si, se fosse tua filha???
- Puxava a talocha atrás e aquecia-lhe aquele lombo que ela nem sabia de que terra era - respondi.
Mas, muitos pais não têm culpa dos comportamentos dos filhos, como os meus pais não tiveram culpa dos meus...
Eu sempre disse, desde pita pequena, que queria estudar a todo o custo. Comecei a escrever com 3 anos e pedia aos meus primos mais velhos para me lerem as histórias dos livros para, mais tarde, as ler de cor. E o meu primeiro dia na escola foi, sem dúvida alguma, um dos dias mais felizes da minha vida.
Penso que foi essa minha paixão que me livrou de ser castigada, tantas vezes, quando me tornei adolescente (que fase complicada e estúpida essa... o lidar com as mudanças, o querer crescer à força, os primeiros impulsos sexuais, o não saber, nem querer, lidar com as rejeições..). As brincadeiras que fazia, até porque não passavam disso mesmo, eram abafadas pelas minhas boas notas.
Uma das pessoas que mais "sofreu" comigo foi a minha professora de Psicologia do 12.º ano. A vovó Júlia, como carinhosamente a chamávamos, era uma senhora nos seus 60 anos, com uma farta cabeleira grisalha e, cujas indumentárias, surpreendiam todos os dias. As suas aulas não me cativavam e, a distracção era uma constante.
Um dia, quase todos os meus colegas faltaram à sua aula (concentração no pátio da escola para umas quantas conversas e reinações) mas eu não podia faltar e tive que ir. A aula começou mas eu não estava bem... a minha cabeça estava lá com eles.
- Professora, posso ir à casa de banho? - perguntei eu, passados 10 minutos.
A professora anuiu e eu desci as escadas a correr ao encontro dos que haviam ficado no pátio.
- Que estás aqui a fazer? - perguntaram quando me viram - Tu não podias faltar!!!
- Vim à casa de banho - respondi com um ar de "eu é que sou cool" (totó do caralho).
A conversa estava tão animada que nem dei conta do tempo passar... 30 minutos. EU ESTAVA À 30 MINUTOS NA CASA DE BANHO!!!!!!
Acho que bati o recorde dos 50m escadas. Bati à porta e a professora abriu... Olhou-me com fúria e, quando se preparava para me repreender, eu olhei-a nos olhos fazendo beicinho, qual Gato das Botas no Shrek, e disse:
- Desculpe professora, estou com hemorróides! - e dirigi-me à minha secretária que ficava mesmo à frente da dela (lugar, estrategicamente escolhido por ela, para me manter sob controlo).
Os colegas, que estavam na sala, mesmo me conhecendo, não conseguiram deixar de ficar incrédulos com a minha lata... nem eu própria acreditava no que tinha sido capaz de dizer...
Completamente perdida de riso, apoiei os cotovelos na mesa, baixei a minha cabeça apoiando-a nas minhas mãos, de modo a que ela não me visse a rir. Ela aproximou-se e, de um jeito meigo e preocupado, pensando que eu estava naquela posição por vergonha de não conseguir livrar-me das sobras, pôs a sua mão na minha cabeça e disse: - Não fique assim! Acontece a qualquer um!
Não me contive e desmanchei-me a rir... as lágrimas caíam-me pela cara abaixo, enquanto ela prosseguiu com a aula.

Quando somos adolescentes, acreditamos que o nosso desequilíbrio hormonal e a busca, incessante, da nossa personalidade nos dá o direito a qualquer coisa... desculpa qualquer coisa... não é verdade! Desde sempre aconteceu, acontece e, por certo, continuará a acontecer mas, hoje em dia, ultrapassa os limites quer do respeito moral, quer do respeito físico.

Apesar da minha rebeldia, orgulho-me de pertencer à geração dos que viam o Sr. Professor como SENHOR PROFESSOR.

Um sorriso
Patanisca Rebelde Estudante

3 comentários:

  1. Olá, sou o ALTER-EGO...o teu? o meu?
    Bom, devo ser dessa menina que tem a lata de dizer uma coisa dessa a uma Professora indefesa…que quando ouviu isso,..se calhar...sentiu também ela...uma dor qualquer...:-)

    Com alegria li as crónicas da Patanisca, sabendo que alguém sofre de amor por ela (pela patanisca), mesmo que acompanhado por um Feijão roliço em arroz olímpico.
    Quem terá a cabeça no lugar para fazer um blog com este título??? Só alguém que ame incondicionalmente…:-)
    Assim, surge o ALTER-EGO da Patanisca!
    Cheguei, e foi bom ver-te.
    ALTER-EGO

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  2. Bem, devo dizer que aprecio bastante a forma como escreves. És directa. Chamas as coisas pelos nomes. Temperas tudo com um pouco de ironia e com muita, muita boa disposiçao.
    Consegues realmente exprimir tudo muito bem. Consegues envolver o leitor e leva-lo para o sitio da acçao. Muitos Parabens!

    E nao deixes de postar.

    Beijinho*
    Ana

    ps: gostei de todos os teus textos, mas devo confessar que com este me ri desalmadamente xD

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  3. Muito obrigada :) Ah, o Pataniscas está de volta :) Espero que continues a aparecer por aqui :)

    Beijinho

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